Um pastiche perverso ou How to get away with a genocide, por Victor Leandro

Comece dando boas-vindas ao vírus. Diga para que não se incomodem com ele.
Em seguida, passe a sabotar as medidas preventivas.
Use falsos argumentos. Invente estatísticas.
Convoque a claque delinquente em sua defesa. Finja que existe um clamor popular por suas ações.
Depois, ataque os ministros, vá trocando um por outro, até achar o comparsa perfeito. Um que não entenda nada do assunto ao mesmo tempo em que simula fazer algo.
Comece intrigas com governadores.
Ignore a vacina.
Por último, num lance capital, promova falsos tratamentos e responsabilize os médicos e a população enquanto esta agoniza sem oxigênio. Apoteose do sadismo acientífico.
Então, quando todos não suportarem mais, diga que fez tudo que estava ao seu alcance, dissemine orçamentos mentirosos e pantomimas de ajuda. E apareça num cavalo alado dizendo que trouxe a imunidade e a cura.
Pronto. Está feito. Já pode dormir tranquilo. Ninguém notará as luvas sujas de sangue. Talvez a história, quem sabe.
Porém aí, já será tarde o bastante.