Poemas de Aprendiz - Soneto da crueldade, por Ismael Bezerra
25/06/2020

Ele tava indo pra escola,
Ele tava indo pro trabalho.
Mas pros fardados estava errado,
Onde já viu, um preto que não pede esmola ?
E mesmo se eu fosse certinho,
Um estudante direitinho.
Pros barões sou só mais um,
Que eles enterram na vala comum.
Esquecido, duído e sem futuro,
Nós somos o retrato,
Desse substrato.
Que faz mais de um furo, pra se exato, 80.
Num trabalhador em apuros. E nem tenho rima pra terminar
Esse soneto que não cansa de se reinventar.