Poema: Canção Animalía, por Ismael Gomes
22/09/2020

Gosto dos seus dentes de javali,
Do seu andar de jabuti,
Suas orelhas de preá. De preá.
Aprecio o seu cio de urubu,
Sua coluna de tatu,
Sua cara de acará. De acará.
Quando quero bicho de pena,
Só me mostra a barbatana
Quando quero elefante, é ratazana
Quando quero bodó, é embuá.
Embuá.
Quando fui um cordeiro,
Mostrou sua garra
Quando quis só silêncio, virou cigarra.
Quando quero formiga, é
tamanduá. Tamanduá.
Quando quero felinos,
Encorpora marsupiais.
Quando quero uma vespa,
vira vários animais.
Late enquanto inseto, vira arara a rastejar. A rastejar.
E vai de feroz ganso
a leão manso,
com um jeito ornitorrinco de amar. De se amar.