Uma artista na fábrica, por Letícia Carvalho
06/01/2021

Disseram-me que devo portar à arte
Como um operário se debruça ao maquinário
Sem embargo de acreditar no trabalho
Nego esta condição alienante e alienado
Enquanto para o operário, o trabalho lhe causar estranheza
Enquanto a valorização do mundo das coisas for primazia
Desculpe-me, camarada, tamanha indelicadeza
Minha arte será mera e pura mercadoria
Aqui produto do trabalho é troço
Coisa hostil e desumana
Minha arte seria destroço
Todavia, escritos que liberdade emana
Quero, portanto, portar-me à arte
Como um trabalhador à sua prole
À sua organização de classe
No partido e por toda parte